O inverno e o embargo ao petróleo russo estão tornando os mares ao redor da Europa num congestionamento de navios.
É muito importante ao comprador(a) estratégico ficar de olho nas movimentações globais do mercado para se antecipar em suas negociações. Isso não é tão difícil tendo em vista a facilidade no acesso a informações nos dias atuais, com milhares de dados disponíveis gratuitamente na internet. Como este artigo por exemplo.
Buscamos aqui, resumir de forma simples e objetiva, um pouco do que rola no mercado internacional que sempre causa efeitos colaterais por aqui, pois o mercado nunca foi tão globalizado.
As cadeias de suprimentos estão retornando a sua normalidade com certa dificuldade. Após a pandemia, uma guerra surge e o que estava retornando ao eixo, volta a apresentar novos desafios.
O inverno na Europa (21 de dezembro a 20 de março) está chegando e os movimentos para garantia do suprimento energético já foram realizados há meses atrás. Ocorre, portanto, uma nova situação, o embargo ao petróleo russo.
Tanto o gás como o diesel são produtos cruciais para manutenção das estruturas e equipamentos que aquecem os lares e as organizações. Com isso, estamos presenciando uma grande movimentação de navios desses produtos chegando à Europa este mês.
Entre 1 e 10 de dezembro, a UE e o Reino Unido importaram juntos mais de 16 milhões de barris de óleo diesel, e as chegadas médias até agora em dezembro estão em torno de 1,8 milhão de barris por dia (bpd), segundo dados e estimativas da Vortexa compilados por Bloomberg.
Embora não seja certo que as chegadas de cargas de diesel continuarão nesse ritmo até o final de dezembro, se isso acontecer, este mês poderá registrar a segunda maior importação de diesel para a Europa desde o início de 2016, ainda segundo dados da Bloomberg.
Analisando publicações de outros sites do setor, sobre este tema, a Oilprice destaca que a Europa compra grandes volumes de diesel do Oriente Médio e da Ásia, mas a Rússia ainda é seu maior fornecedor de diesel, dois meses antes do embargo da UE às importações marítimas de produtos russos refinados entrar em vigor em 5 de fevereiro.
A Rússia ainda é o maior fornecedor de diesel para a Europa, que terá que substituir mais de 500.000 bpd de oferta de diesel depois de fevereiro, disse a Agência Internacional de Energia (AIE) no mês passado. À medida que o embargo da UE às importações de diesel russo entrar em vigor, “a competição por barris de diesel não russo será acirrada, com os países da UE tendo que oferecer cargas dos EUA, Oriente Médio e Índia para longe de seus compradores tradicionais”, disse a agência em seu relatório mensal em novembro.
Analisando o gráfico acima, notamos que o Heating Oil (índice para cotação internacional do óleo diesel), reflete o mesmo movimento do petróleo entre a semana passada (49) e esta vigente (50) quando este artigo é redigido.
Pois bem, para concluir, notamos então que o embargo ao petróleo russo começa em fevereiro de 2023 e o mercado europeu começa uma busca estratégica por produto de outras regiões. E o Brasil, poderia surfar nesta onda e exportar diesel à Europa, tendo a Petrobrás e refinarias privadas boas margens de lucro na operação, porém, nos lembramos de que o mercado doméstico brasileiro não é autossuficiente em diesel, o que frustra as estratégias das empresas nacionais quando se observa a maximização de seus lucros em torno do custo de oportunidade.
Cabe aqui uma sátira com toque sutil de sarcasmo: “olha Europa sua linda, eu (Brasil), teria o maior prazer em te socorrer neste momento tão difícil da sua história e de suas decisões um tanto quanto equivocadas, lhe atendendo com exportações de diesel e gás natural, maximizando os resultados da minha balança comercial, porém, me lembro de que não tenho nem pra mim, pois fui saqueado de forma abrupta e imoral pelos governantes que passaram por aqui num passado não tão distante”, Fim!
Ficaremos de olho!
Texto escrito por Alex Ponce | 15/12/2022, fundador da APX Energy , com página no Instagram @apx_energy_brazil e é colunista do Café com Comprador.
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