Satélite + supply chain: por que compras não pode ignorar essa revolução
- ruysmagalhaes
- 30 de out.
- 3 min de leitura

A conectividade tornou-se o novo oxigênio dos negócios. Em um cenário onde a interrupção de dados pode significar a paralisação de toda uma cadeia de suprimentos, garantir comunicação estável e contínua deixou de ser luxo e passou a ser questão de sobrevivência.
A expansão das soluções via satélite representa uma verdadeira revolução silenciosa, e quem atua na área de Compras precisa compreender como essa mudança redefine estratégias, contratos e relacionamentos com fornecedores.
A recente iniciativa da Deutsche Telekom, que aposta no Brasil com serviços de conectividade via satélite de órbita baixa (LEO), é um marco importante. A proposta vai além da simples ampliação de cobertura: trata-se de um novo modelo de rede que atinge regiões onde a fibra óptica ou as estruturas terrestres não conseguem chegar.
Profissionais de Compras que gerenciam categorias de setores como agronegócio, energia, mineração, logística e indústria pesada, irão perceber que a conectividade está se tornando o elo que mantém operações vivas em ambientes desafiadores.
Vamos a alguns exemplos, imagine uma fazenda, uma usina ou uma rota logística depende de monitoramento remoto, sensores IoT (Internet das Coisas) ou sistemas automatizados, a falta de conexão deixa de ser um contratempo e passa a ser um risco de negócio.
É exatamente nesse ponto que a área de Compras assume protagonismo.
A introdução de soluções satelitais exige uma revisão profunda nas estratégias de contratação e gestão de fornecedores. Os modelos de serviço, como Flat High Performance ou Enterprise, demandam novas cláusulas de SLA, cobertura e continuidade, refletindo em contratos mais técnicos e detalhados. A gestão de risco também ganha um novo significado: garantir conectividade mesmo em cenários extremos passa a ser parte da política de continuidade operacional, exigindo auditorias técnicas e um mapeamento preciso das dependências digitais da organização.
Além disso, o impacto financeiro dessas soluções redefine a lógica entre capex e opex.
Decidir entre uma rede local, híbrida ou global não é apenas uma escolha técnica, mas estratégica. O fornecedor de conectividade deixa de ser apenas quem entrega um link de internet e passa a ser um parceiro de inovação capaz de habilitar a digitalização da cadeia de suprimentos. Isso inclui monitoramento remoto, automação de processos, edge computing e integração com sistemas de análise de dados, elementos que transformam a base operacional da empresa.
Para que Compras esteja à altura desse desafio, é essencial adotar uma nova mentalidade. Atualizar o mapa de fornecedores e incluir empresas especializadas em soluções híbridas ou satelitais é o primeiro passo. Em seguida, é preciso revisar contratos vigentes e incorporar cláusulas que contemplem redundância, migração de rede e cobertura para áreas remotas.
O benchmarking também deve ir além do preço, considerando parâmetros técnicos como latência, largura de banda, cobertura global, suporte e escalabilidade. Mais do que nunca,
Compras precisa atuar em conjunto com TI, Infraestrutura e Operações, garantindo que as negociações reflitam as necessidades reais da conectividade corporativa.
A transformação em curso é profunda. A conectividade, antes vista como uma infraestrutura de suporte, agora se posiciona como infraestrutura de valor. A empresa que compra melhor não é mais aquela que encontra o menor preço, mas aquela que entende quem entrega continuidade, escalabilidade global e habilitação tecnológica.
A iniciativa da Deutsche Telekom no Brasil serve como um alerta e, ao mesmo tempo, uma oportunidade. A revolução satelital já está em andamento, e as áreas de Compras que compreenderem seu papel estratégico sairão na frente, não apenas garantindo o funcionamento das operações, mas impulsionando a inovação em toda a cadeia de suprimentos.
Em um mundo onde a competitividade está diretamente ligada à conectividade, a pergunta que fica é: sua área de Compras está preparada para negociar não apenas links de internet, mas a infraestrutura do futuro?

Texto escrito por Ruy Magalhães
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