Cenário econômico de setembro/25: o que muda para preços, câmbio e juros, e como sua empresa pode se preparar?
- ruysmagalhaes
- 15 de set.
- 3 min de leitura
Para o profissional de compras, compreender o cenário econômico deixou de ser um diferencial e passou a ser uma necessidade estratégica. Mais do que negociar preços ou buscar fornecedores, quem atua nessa área precisa antecipar movimentos de inflação, câmbio e juros para tomar decisões que assegurem competitividade e saúde financeira à empresa. Cada mudança no ambiente econômico afeta diretamente contratos, estoques e margens, exigindo sensibilidade para ajustar prazos, revisar cláusulas e, muitas vezes, redefinir prioridades de aquisição.
Quando o profissional de compras se antecipa às oscilações e entende o contexto em que está inserido, consegue não apenas reduzir riscos, mas também transformar possíveis ameaças em oportunidades, seja ao aproveitar janelas de preços mais baixos, seja ao renegociar condições mais vantajosas com parceiros.





O cenário econômico de setembro de 2025, portanto, merece atenção redobrada, pois traz sinais importantes de como empresas devem se preparar para os próximos trimestres. A inflação segue acima do centro da meta de 3,0%, mas dá sinais de desaceleração.
As projeções indicam uma taxa de 4,85% em 2025 e 4,31% em 2026, reflexo de uma política monetária mais rígida e de certo alívio nos preços de alimentos e energia. A convergência mais sólida para a meta, no entanto, só deve ocorrer a partir de 2027. Para as famílias de menor renda, o INPC projetado para 2025 é de 4,9%, levemente abaixo do IPCA, o que representa um pequeno respiro no orçamento. Esse movimento tem sido influenciado pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos, que reduziram os preços de produtos como café e carne no curto prazo, mas há risco de pressão futura sobre custos de insumos e oferta, o que pode reacelerar a inflação nos próximos anos.
Os números mais recentes mostram também uma deflação acumulada de –1,35% no ano, acompanhada de alta de 3,03% nos últimos 12 meses, patamar usado com frequência para reajustes contratuais. As expectativas giram em torno de 3,9% para 2025 e 4,5% para 2026, taxas ainda moderadas, mas acima do objetivo oficial. Esse descompasso reforça a necessidade de cautela na elaboração de contratos e políticas de preços, combinando cláusulas que aproveitem períodos de alívio no curto prazo com mecanismos de proteção para cenários de retomada inflacionária no médio prazo.
No câmbio, o real mostrou força ao longo de 2025, mas os riscos fiscais e externos permanecem no radar. O dólar está na faixa de R$ 5,41, com tendência de alta até R$ 5,75 no cenário base. Isso indica que importadores devem considerar estratégias de proteção cambial e renegociar contratos de forma a reduzir a exposição. Aproveitar momentos de valorização do real para antecipar compras ou travar taxas pode ser uma boa saída para mitigar riscos e suavizar impactos de um câmbio mais volátil.
Já em relação aos juros, o Banco Central deve iniciar o ciclo de cortes apenas em janeiro de 2026, levando a Selic dos atuais 15,00% para algo próximo de 14,75%. Há, entretanto, projeções mais otimistas, como a do Banco Daycoval, que enxergam espaço para que a taxa termine 2026 em torno de 11,5%, caso o ambiente permita uma política monetária mais expansionista. Para as empresas, isso significa que 2025 continuará exigindo disciplina de caixa, priorização de projetos com retorno rápido e, sempre que possível, renegociação ou alongamento de dívidas. O momento também pode ser propício para preparar um pipeline de investimentos que possa ganhar força assim que o juro de fato começar a cair.
Em resumo, os próximos trimestres exigem um olhar estratégico sobre três frentes principais: a revisão de contratos e indexadores para lidar com um cenário de inflação instável, a adoção de políticas claras de gestão cambial e o planejamento financeiro de médio prazo para atravessar 2025 com solidez e aproveitar a esperada redução da Selic a partir de 2026.
Diante desse quadro, fica a reflexão: para o seu negócio, o que terá maior impacto imediato, renegociar contratos, proteger-se das oscilações do câmbio ou reorganizar o calendário de investimentos?

Introdução Ruy Magalhães
Café com Comprador

Análise e dados desenvolvidos por José Herculano Santos Filho
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