top of page

Tem algo de errado com o "Tico e Teco"



Este é um tema que achei que nunca iria abordar, ainda mais comigo. Todas as vezes em que passei por uma situação de estresse, pressão, etc, sempre entrava no “modo reflexão interior” para avaliar o que tinha ocorrido e se o causador do problema tinha sido EU. Esse modo normalmente dura alguns dias e passado esse tempo, sempre voltava com tudo, como se nada tivesse acontecido (Carga de auto motivação abastecida), e sempre, pensando na minha família para seguir adiante.


Neste momento de pandemia, já estou há 20 meses trabalhando de casa, nesse tal homeoffice. As condições que a empresa deu para seus colaboradores é sensacional, temos todo o suporte, desde ajuda de custo com contas de consumo, a atendimento psicológico. Conversando com outros colegas, poucos ofereceram condições de trabalho diferenciadas. Detalhe, não voltaremos mais para o escritório. Agora a empresa que trabalho é adepta do #anywhereoffice


Trabalhar em casa é bom? Depende do contexto e vou compartilhar com vocês a minha situação.


Casado, com filho, responsável pela renda da casa e com um monte de contas para pagar. Se identificou?


Se não se identificar com o parágrafo anterior, então, pode considerar também exemplos de: Mãe solteira, o Jovem em início de carreira, Maior idade (Acima dos 50), aqueles que perderam esposa, marido, filho e pais nessa pandemia e outros tantos, que estão em casa por outro motivo, a busca incansável pela recolocação.


Quando os ambientes (pessoal e profissional) se misturam, aquele tempo de deslocamento “casa x trabalho | trabalho x casa” que você usava para dormir, pensar em outra coisa, ler um livro... mudaram para “levar filho na escola x retorna para casa para trabalhar x buscar filho na escola x retorna para casa para trabalhar”… fora as outras atividades que costumam aparecer, como consertar algo em casa, sair para comprar o leite que acabou, levar o cachorro para uma volta na praça, entre tantas outras..


Quando se está em casa, você acaba lidando com algumas situações não previstas, como verificar o que houve com a máquina de lavar que parou de funcionar, o gás que acabou ou um raio cai no poste, deixando toda rua toda sem internet (e sem previsão de retorno), bem no dia de entregar... Ah, também tem o vendedor da cândida, pamonha, do pão, o afiador de facas, coleta de óleo usado, que anunciam seus produtos/serviços com alto falante e, param na frente da sua casa, no exato momento em que se está numa call, como que pede para diminuir o volume? E, como fazer seu filho entender que o papai não pode dar atenção naquele momento, pois, está num dia D, onde precisa ficar concentrado para elaborar e entregar relatórios/apresentações, além de participar de reuniões, mas, ele acha que o papai está só “conversando com os amigos do trabalho”.


O que trago para reflexão é muito mais que problemas de adaptação para o homeoffice, é o problema com “pessoas”.


Tenho visto diversos colegas passando por problemas no homeoffice e adoecendo por isso, principalmente aqueles que se recolocaram durante a pandemia. Até hoje não conhecem o seu gestor, colegas e clientes internos, pessoalmente.


Essa turma está sofrendo com a adaptação ao mesmo tempo que tem que lidar com os problemas de casa. Alguns comentam que a empresa se adequou ao “novo modelo”, mas as “pessoas” não. Imagine para um novato, sem o apoio de colegas, tem que “se virar” com as demandas, Qual é o procedimento? Qual o SLA de atendimento? Quem são os pontos focais? Onde eu consulto o manual de procedimentos, a política da companhia, da área?


A soma dos problemas pessoais + profissionais tem trazido aos profissionais: Pânico, Estresse, Estafa, Fadiga, Burnout…. = Doente.


Passei por um dos sintomas acima recentemente.. precisava entregar uma apresentação sobre as demandas que conduzi ao longo do ano, sobre gastos, e % de economia. Tarefa fácil para quem faz isso diariamente, não é? Engano meu!


Foi aí que o “Tico & Teco” entraram em parafuso. Simplesmente travei e não consegui criar as visões necessárias. Pior, comecei a enxergar só problemas na base, como inconsistência de dados, falta de padrão, etc..


Demorei 1 semana para falar com meu gestor e quando falei (já estava a base de calmantes), achava que ele delegaria a tarefa para outro colega, mas o que ele fez foi de certa forma até melhor, pois fez eu focar na solução e não no problema. Ele pediu para eu abrir o arquivo e mostrar quais eram os problemas e minha dificuldade em gerar extrair os dados. E foi aí que mostrei e conversando, fui entendendo o que tinha de ser feito. A base de dados realmente não estava 100%, mas não era nenhum bicho de 7 cabeças de se resolver.


Ué, mas você travou apenas por uma planilha? Foi só isso? Claro que não…. As coisas pessoais e profissionais foram se acumulando (readaptação do filho no retorno às aulas presenciais, esposa desempregada, problemas financeiros, problemas de saúde com os pais, o carro necessitando de manutenção.. excesso de reuniões on-line, excesso de e-mails, mudanças de ferramentas na empresa, novos processos).


Aprendizado:


Não faz muito tempo que isso ocorreu, então ainda estou trabalhando para lidar com tal situação, caso aconteça novamente.


Converse muito com quem vive com você, sua esposa, pais, filhos… O diálogo faz a diferença na vida de quem está passando por qualquer situação.


Converse com seus colegas de trabalho e de outras empresas, traga o assunto para discussão em grupos, certeza que alguém com disposição aparecerá para ajudar.


Converse com seu gestor e seus clientes internos, se necessário procure por alguém do RH. Só reclamar não vai resolver.


Desligue o celular corporativo e o computador, após o horário comercial. Obviamente, se estiver tratando algo urgente, utilize do “bom senso” e avalie se o caso pode esperar ou se é necessário uma atenção especial.


Busque momentos de relaxamento, como dedicar-se a um hobby, meditação, atividade física, ler um livro, assistir um filme, série, etc.


Procure reservar um momento com a sua família (esposa, marido, companheiro(a), filhos, pets...).


Conversei com uma colega psicóloga e comentei sobre a situação e ela deu algumas dicas, que compartilho aqui:


  • Se "perceba e descubra" a causa do problema. Como eu cheguei nesse estágio?

  • Se repare e dê “nome aos bois”. Identifique as causas que o levaram a chegar nesse estágio;

  • A percepção não é verdade absoluta. As pessoas (gestor, colegas, cliente interno e externo) podem dar uma opinião naquele momento sobre você, porém você precisa entender o quão essa opinião te abala;

  • Avalie o cenário, olhe o que é sua responsabilidade e foque nas prioridades;

  • Se fortaleça! Isso trará tranquilidade para entender, avaliar e conhecer suas características;


Eu tenho pensado em tirar um pouco o pé do acelerador, como avaliar com mais critérios a programação da minha próxima semana.


A meta é equilibrar a agenda, de maneira que eu consiga dar atenção a quem realmente importa (minha família e minha saúde), além de usufruir mais das ferramentas e benefícios oferecidos pela empresa.




Um abraço, fiquem bem e até a próxima!



Escrito por André S. Lima | 18/10/2021

bottom of page