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O impacto no TCO com as adversidades do momento atual nas compras de Material Direto via importação



O cenário macroeconômico mundial tem forte influência nas importações, o primeiro fator que vem a nossa mente seria o câmbio, pois a maioria das negociações são em moeda estrangeira basicamente em Dolár ou em Euro. Se pensarmos nas operações pré- pandemia de janeiro de 2020 até agosto de 2021 temos para o Dólar um aumento de aproximadamente 30% e do Euro 36%, isso impacta não somente o preço de aquisição do produto, mas tudo que envolve o comércio exterior, como frete, seguro de carga, armazenagem, impostos, ... pois muitos custos são baseados no valor da invoice que será maior e gera uma cadeia de aumentos.


Outro ponto menos óbvio do que o câmbio é o valor do barril de petróleo, mas por que devo incluir nessa análise se não faço parte da cadeia de suprimentos de combustíveis? O petróleo ainda é a uma das 3 fontes de energia mais utilizada no mundo, então pode influenciar o próprio custo de produção do bem adquirido como o valor do frete.


Nestas situações temos tanto o produto objeto da importação quanto o frete sendo duplamente impactados e tornando o TCO (Total Cost of Ownership) maior ao compararmos com o período pré covid. O que compõe o custo total da propriedade é tudo que impacta o seu valor de entrada no estoque e também o custo que envolve manter esse produto em estoque, além do que vemos claramente como o valor pago ao fornecedor.


Diante de impactos tão expressivos como os citados acima que estão fora do nosso alcance temos que abrir a mente e buscar ganhos em outros fatores que compõe o TCO para mitigar este impacto. Podemos abordar aqui alguns questionamentos:


- O meu fornecedor atual me oferece um produto a um preço competitivo?


A boa prática diz que os fornecedores devem ser avaliados periodicamente, mas nada impede em uma situação adversa antecipar esta análise e revisitar as opções disponíveis no mercado. Se mesmo assim, após nova concorrência o seu fornecedor atual for a melhor escolha para atender as suas necessidades vale a pena expor os impactos que tem sofrido principalmente no que diz respeito a desvalorização do Real. Com o repasse de todos estes custos ao consumidor final existe a possibilidade de queda das vendas, o que não seria bom para nenhum nos envolvidos, portanto a parceria e uma forte relação com o seu fornecedor podem ser decisivas nesse momento, um desconto pode ser muito bem-vindo.


- O que diz o contrato com o atual fornecedor?


O contrato como um todo pode ser reavaliado, como lotes mínimos de compras com previsão, multas, exclusividade, prazos de pagamento, ...


- Posso encontrar o produto que preciso em outro país que ofereçam fretes mais atrativos?


Quais são as regiões mais afetadas por aumentos de fretes, onde tenho maior disponibilidade de voos/navios, se o meu fornecedor é global pode ser que haja a possibilidade de realizar a importação de outra planta fabril ou de um hub de distribuição.


- Consigo otimizar meus embarques para negociar melhor meus fretes internacionais e custos com despachantes aduaneiros? Quantos embarques realizo por mês de um mesmo fornecedor, seria possível agrupá-los?


Este tema requer uma análise muito mais profunda, pois temos que entender os riscos que o negócio está disposto a correr, e qual o impacto de uma possível ruptura de estoque, o quão confiável é a minha previsão de vendas e estimativa de reposição de estoque, se os lead times estão estáveis...


Por consequência não seria uma decisão apenas de compras e sim do business, porém a função do comprador é levar estes questionamentos e buscar o que faz mais sentido para a empresa nesse momento.


- Com relação aos serviços prestados que envolvem o TCO, o armazém geral e a transportadora, normalmente tomam como base uma porcentagem do valor da nota fiscal do produto, consigo fazer uma rodada de negociação para reduzir este impacto?


Mais uma vez tocamos na análise periódica de fornecedores que inclui os prestadores de serviços, levar para discussão de forma antecipada uma proposta que impacte menos pode ser aceita por esses prestadores de serviço também!


Aqui foram somente algumas reflexões que podemos colocar em pauta, tem muitos pontos a serem avaliados, cada negócio pode trazer uma peculiaridade e junto com isso um possibilidade nova. Fazer parte de um time de supply chain é olhar a cadeia como um todo e buscar novas alternativas que atendam a expectativa do negócio.



Escrito por Juliana Castel, 10/09/2021

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