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O comprador e a pia de louças suja


Um papo sobre priorização


Hoje estava lavando louça e me veio o pensamento de que a pia esteve cheia de louça suja ontem à noite, após o jantar, e também no início da tarde, após o almoço. Ela também esteve assim nos dias anteriores. E a primeira constatação que veio à minha cabeça, lembrando do meu time e do meu dia a dia, foi que, assim como louça suja é diariamente deixada à pia, assim são as demandas que surgem no meu backlog de ações no meu espaço corporativo.


Quando olhei para a diversidade de objetos que estavam ali por serem lavados (copos, pratos, facas, panelas, jarras e outros), pensei imediatamente por onde eu iria começar. Diferente de mim, que prefiro lavar primeiro os itens maiores, vocês devem ter suas preferências. Alguns preferem lavar primeiro os vidros, pois podem ser quebrados facilmente, outros iniciam pelas facas, pois escondidas ali no meio dos outros objetos podem causar cortes por vezes profundos, outros lavam aleatoriamente, sem estratégia alguma e sem pensar em nenhum desses pontos. Aqui, me veio a segunda e a terceira constatação.


A segunda é que, cada pessoa enxerga uma pia cheia ou um backlog abarrotado, de maneira diferente. Isso nos leva a uma diversidade de possibilidades, que podem ser utilizadas em dias diferentes, em cenários diferentes, categorias diferentes, afinal de contas, o meu modo de ver a pia cheia deve ser completamente diferente do lavador de um restaurante de grande fluxo. Além disso o que funciona para o Eduardo Sampaio, lá em Jaraguá do Sul, pode ser diferente do que funciona para o Matheus Rodrigues, no Rio de Janeiro, que deve ser diferente do que funciona para o Alex Leite, em São Paulo, Capital, e pode ser completamente diferente para a Patricia Palazzo, no interior de São Paulo. Devemos ter pias de formatos diferentes, com funcionalidades diferentes e louças mais diferentes ainda.


A terceira é que esses mesmos cenários, categorias e clientes internos podem ser o principal fator de decisão para sua estratégia de priorização. Se sua esposa está fazendo o almoço e precisa de determinada panela que está suja, você precisa correr e dar sua máxima atenção a esse item, pois se isso não acontecer o papo a mesa pode atrasar, o delicioso prato pode não ser finalizado e dependendo do dia e do humor de vocês dois, uma grande e inútil discussão pode ser iniciada. Assim também é no escritório, onde você e eu trabalhamos. Nossas decisões de priorização podem parar uma fábrica, atrasar uma entrega, gerar discussões desnecessárias, inviabilizar um projeto ou até mesmo, na pior das hipóteses, levar uma empresa a falência.


A quarta constatação tem a ver com louças limpas e pias vazias. Não importa qual estratégia você e eu tomamos, só teremos pias vazias e louças limpas se começarmos o nosso trabalho. Não estou incentivando ninguém a começar de qualquer jeito. Cuidado com os cortes (as facas estão soltas por aí), a sujeira que vai pelo ralo (uma hora ele pode entupir), a hora do almoço (a fome não espera) e o mais importante de tudo, cuidado com os interesses de todos que são ou serão impactados pela pia. Você, sua esposa ou seu esposo, seus filhos, amigos, familiares, seu chefe, seus fornecedores, clientes internos, acionistas, sociedade, quaisquer que estejam ao redor da mesa podem comemorar ou sofrer pela sua decisão de priorização.


Pias cheias, diariamente. Priorização, sabiamente. Decisões, constantemente. Trabalho duro, sempre.


Pathemata Mathemata.



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