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Liderança LGBTQIAP+


Eu nunca tive uma liderança LGBTQIAP+ na minha vida corporativa!

E esse pensamento ficou ainda mais forte quando eu entrevistei a Carol, CEO da Nimbi, que é uma mulher lésbica. Conseguiu me aproximar tanto de Carol durante o bate papo, que eu fiquei com aquela sensação “queria ter tido uma líder assim”.


São 12 anos atuando no mundo corporativo e eu nunca tive uma liderança LGBTQIAP+. O Linkedin acabou me aproximando de alguns líderes LGBTQIAP+, mas eu nunca tive um. Das 6 lideranças que eu tive, 5 foram mulheres. Nesses 12 anos, esse ano, 2022, é a primeira vez que eu tive uma experiência de pertencimento, ao trabalhar com um outro homem Gay. A sensação de conforto e segurança de ter um dos seus pares uma pessoa em quem eu podia me reconhecer, é uma sensação indescritível.


Estou compartilhando um exemplo real, uma experiência particular, pois, em todos os meus conteúdos sobre diversidade eu não me coloco como um especialista. Não sou um. Eu trago vivência, pois, falo como um homem gay.


Mas como todo bom artigo e conteúdo de estudos são baseados em pesquisas mais profundas, fui na internet buscar informações sobre o tema “Liderança LGBTQIAP+” para entender tudo que está acontecendo no mundo, quais os principais avanços, motivações, dificuldades e atravessamentos.


Em uma reportagem de junho desse ano, a revista exame trouxe a informação de que “Apenas 8% das lideranças de empresas são LGBTQAIAP+”. Esse número é assustador pensando no mundo corporativo né?. Mas a análise fica ainda mais dura, quando você pega os outros índices. 24% das pessoas que se declararam LGBTQIAP+ afiaram já terem escutado piadas ou comentários preconceituosos. 20% já sofreram algum tipo de assédio ou violência.

O mundo RH trouxe uma outra perspectiva sobre o assunto. Segundo o site, um a cada três líderes homossexuais assume sua orientação diante das equipes e companhias, sem ter medo. Isso significa que existem dois em cada três que não se sentem seguros. são, mas não se assumem publicamente. Não basta ter uma política de desenvolvimento de lideranças LGBTQIAP+. É importante que exista também a inclusão, a ponto da pessoa se sentir seguro naquele ambiente e compartilhar com todos suas vivências, se tornando então uma referência.


Sobre Inclusão ir bem além da Diversidade, Eliezer Silveira Filho, Managing Director da Roost, eleito duas vezes um dos 100 principais líderes LGBTQIA+ pelo Yahoo Finance, disse: “Ninguém merece sofrer em qualquer espaço que esteja, seja profissional ou pessoal, e as companhias são responsáveis por isso. É importante construir políticas, ações e campanhas afirmativas para mais pessoas LGBTs, e para que outros grupos minorizados ocupem espaço nas organizações, garantindo que essas pessoas tenham carreira e oportunidade de ascensão profissional. Neste ponto, o Brasil ainda precisa avançar. A conscientização evoluiu, mas ainda há muitos passos a serem dados para ocorrer esta inclusão”.


A Consultoria Mais Diversidade esse ano trouxe uma outra pesquisa dizendo que 54% dos profissionais acreditam que ter lideranças LGBTQIAP+ entre executivos é um dos itens mais importantes dentro de uma empresa para terem certeza sobre Diversidade e Inclusão como prática e não só pauta.


Todos esses pontos que eu trouxe aqui deixam claros que apesar do assunto ser mais falado hoje em dia, o caminho ainda está longo e ardo. Desafios e barreiras ainda grandes demais para a gente transpor. A gente reconhece de um lado pessoas LGBTQIAP+ que cada dia se mostram na intenção de avançar, mesmo com inúmeros riscos que são corridos. É que eles assumem o grande desafio de mostrarem que um ambiente mais diverso, possibilita ainda mais produtividade, vantagem competitiva e lucratividade). Isso não sou eu que estou falando tá? Em mais uma pesquisa, ficou garantido que empresas que investem em Diversidade crescem 61% nos seus números. Fora altas habilidades referentes a funções desenvolvidas, lideranças LGBTQIAP+ na sua maioria são mais empáticas. Contraditório né?


Quem mais apanhou e apanha na vida, ser o maior fornecedor de amor. É que a gente sabe o que dói. Acreditem!


Talvez esses números que eu coloquei aqui não sejam tão fiéis a realidade. É muito difícil procurar números e dados sobre lideranças LGBTQIAP+. Tenta ai para você ver. Eu acredito fielmente que seja pelo fato de muitos esconderem sua orientação sexual.


Será se eu ainda terei uma liderança LGBTQIAP+?


Eu não sei. Mas todo esse assunto me trouxe a necessidade de me transformar em um líder, referência LGBTQIAP+ no mercado. E quando eu digo líder, não falo diretamente ligado a cargos. Coordenador, Gerente, Diretor ou CEO. Eu falo de ser uma figura LGBTQIAP+ reconhecida, respeitada e que sirva de inspiração para os meus, ajudando a criar ambientes mais seguros para que as pessoas sejam exatamente como elas são, sem nenhuma necessidade de mudança e que além disso, através de mim, saibam exatamente o que podem fazer e onde podem chegar.


Eu espero por lugares onde se desenvolva e estimule a diversidade e inclusão entre todos os colaboradores, onde qualquer tipo de atitude preconceituosa ou discriminatória seja tratada com seriedade, que tenha a equidade alinhada a Diversidade e que métricas e progressos de políticas LGBTQIAP+ sejam reais.


E sabe como isso será possível?

Com mais lideranças LGBTQIAP+.

Anotem ai, pois, eu serei o próximo.




Texto escrito por Jean Durval | 03/10/2022 (originalmente publicado no Linkedin)


Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião do Café com Comprador e de seus editores.


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