Na semana 20 de 2023, que percorre os dias úteis de 15 a 19 de maio, tivemos como destaques no cenário nacional, a mudança da paridade internacional no sistema de precificação da Petrobras e uma significante redução na gasolina, diesel e GLP nas refinarias da estatal.
Já no âmbito internacional, temos a demanda chinesa, a reposição do estoque de segurança americano de petróleo, além de mais uma apreensão de um navio petroleiro pelos iranianos. Tudo isso vem moldando o noticiário da semana, então, vamos analisar tudo o que rola por aqui e pelo mundo sobre os combustíveis.
Cenário Nacional
Petrobras abandona paridade internacional como base de precificação
Conforme publicado pela Agência Brasil, chegou ao fim a política de Preço de Paridade Internacional (PPI) adotada pela Petrobras há mais de seis anos, durante o governo de Michel Temer. A estatal anunciou nesta terça-feira (15) a adoção de um novo modelo para definir seus preços. As primeiras quedas nos preços do diesel, da gasolina e do gás de cozinha já foram divulgadas. Mas o que mudou na prática? Desde 2016, com base no PPI, os preços praticados no país se vinculavam aos valores no mercado internacional tendo como referência o preço do barril de petróleo tipo brent, que é calculado em dólar. Também eram considerados custos como frete de navios, logística interna de transporte e taxas portuárias. Além disso, acrescentava-se uma margem para remuneração de riscos ligados à operação, como volatilidade da taxa de câmbio e dos preços praticados em portos. A estatal anunciou que o novo modelo vai considerar o "custo alternativo do cliente" e o "valor marginal para a Petrobras". O custo alternativo para o cliente é estabelecido a partir das alternativas que o consumidor tem no mercado, sendo observados os preços praticados por outros fornecedores que ofereçam os mesmos produtos ou similares. Já o valor marginal para a Petrobras considera as melhores condições obtidas pela companhia para produção, importação e exportação. Segundo a Petrobras, esse modelo vai permitir ainda que ela seja mais competitiva em cada mercado e região, aplicando valores alinhados às especificidades locais.
Petrobras anuncia redução no diesel, gasolina e GLP com vigência para quarta-feira, 17/05
A empresa anunciou uma redução de R$ 0,40 por litro na gasolina (-12,6%), de R$ 0,44 por litro no diesel (-12,8%) e de R$ 8,97 no botijão de 13 KG o P13 (-21,3%).
Essa queda reflete a desvalorização do petróleo internacionalmente e a valorização do real nas últimas semanas. O presidente da Petrobras estimou o impacto para o consumidor final na hipótese de outros fatores que influenciam os preços permanecerem constantes, como o custo de distribuição e a margem de lucro. “Estamos tentando colocar um impacto possível na bomba para o consumidor final. Caso todas as outras parcelas se mantenham fixas, esperamos que o preço da gasolina C (comum) passe de R$ 5,49 o litro, em média, para R$ 5,20. O diesel S10, de R$ 5,87 para R$ 5,18”, disse Prates a jornalistas. O presidente também estimou que o botijão de gás ficará abaixo de R$ 100 pela primeira vez desde outubro de 2021, com preço médio de R$ 99,87. Dados sobre a redução Petrobrás resumidos e publicados no site da BBC Brasil.
Diesel russo invade o Brasil e empresas do SINDICOM já anunciam que podem considerar diversas estratégias para manter competitividade
A Raízen (RAIZ4) avalia diversas oportunidades para a importação de combustíveis de forma a se manter bastante competitiva, disse o CEO, Ricardo Mussa, nesta segunda-feira (15), quando questionado sobre o produto russo, que vem entrando no Brasil mais barato. O executivo disse ainda que aguarda para breve decisão da nova gestão da Petrobras, principal supridora do mercado nacional, sobre próximos passos para sua política de preços.
Se Mussa aguardava a decisão da Petrobras para tomar uma posição, após o anúncio de hoje pela estatal, já podemos imaginar como o mercado irá se comportar daqui em diante.
A grande pergunta que fica é: e as demais do SIDICOM, Vibra e Ipiranga, vão continuar desprezando o produto russo? Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
Cenário Internacional
EUA querem adicionar 3 milhões de barris à SPR após drenar 2,9 milhões em 1 semana
Depois de vender mais de 200 milhões de barris do estoque de emergência no ano passado para conter os altos preços da energia e conter o colapso dos índices de aprovação democratas, o Departamento de Energia planeja solicitar ofertas para reabastecer a reserva, que caiu para o nível mais baixo desde 1983, de acordo com a Bloomberg. E não para por aí. O SPR, (Strategic Petroleum Reserve) ou Reserva Estratégica de Petróleo em português, foi drenado por mais 2,9 milhões de barris na semana passada, muito depois que o governo Biden prometeu parar de vender e começar a reabastecer. Dados de ZEROHEDGE para Oilprice.
Alguns analistas afirmam que esta demora na reposição do estoque estratégico do país, pode ser sinal de uma recessão que pode estar a caminho.
Irã apreende terceiro petroleiro enquanto EUA aumentam presença militar
Conforme relatado por Alex Kinami à Oilprice nesta segunda-feira, 15/05/2023, o Irã apreendeu mais um petroleiro, elevando a contagem para três petroleiros apreendidos no espaço de apenas 19 dias, enquanto as tensões no Golfo Pérsico esquentam. O petroleiro em questão seria um petroleiro iraniano que havia sido apreendido por uma empresa estrangeira há cinco anos, de acordo com a agência de notícias estatal Irna, que descreve a apreensão como a recuperação do petroleiro iraniano anteriormente apreendido.
A frota norte-americana com sede no Bahrein continua a monitorar a situação no Golfo Pérsico. Nos últimos dois anos, o Irã atacou, interferiu ou assediou os direitos de navegação de 15 navios comerciais de bandeira internacional, revelaram autoridades dos EUA.
Demanda recorde de petróleo na China leva IEA a elevar previsão de crescimento global
A demanda mundial de petróleo deve aumentar em 2,2 milhões de barris por dia (bpd) este ano, para um recorde de 102 milhões de bpd, disse a Agência Internacional de Energia (AIE) nesta terça-feira (16), revisando para cima sua previsão em 200.000 bpd, enquanto a demanda da China atinge um recorde.
A recuperação chinesa continua a superar as expectativas, disse a agência em seu Relatório do Mercado de Petróleo hoje, observando que a China estabeleceu um recorde histórico para seu consumo de petróleo em março de 2023, com 16 milhões de bpd.
No relatório do mês passado, a AIE também esperava que o mundo visse uma demanda recorde por petróleo este ano, mas fixou o crescimento em 2 milhões de bpd em 2023 em comparação com o ano passado. Dados destacados por TSVETANA PARASKOVA à Oilprice.
Texto escrito por Alex Ponce | 16/05/2023, fundador da APX Energy , com página no Instagram @apx_energy_brazil e é colunista do Café com Comprador.
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