E agora? o que vem pela frente? Fui entrevistado pela Cost Drivers e falamos sobre algumas dimensões importantes, confira:
COSTDRIVERS – Em seus artigos, o senhor diz que a agenda econômica do País deve mudar substancialmente a partir de 2019, “gerando melhora importante de ambiente e o crescimento potencial é estimado em 2,6%”. Quais os desafios que esta nova agenda trará para a área de suprimentos?
Douglas Marques Ferreira – A projeção, feita por economistas especialistas em política e cenários econômicos, se tornará realidade em breve e o efeito no mercado fornecedor será o aumento na demanda de produtos e serviços, possível aumento de preços e aquecimento em setores como construção civil, comércio de serviços e produção industrial. Estes acontecimentos vão afetar diretamente as áreas comerciais das empresas, especialmente em suprimentos, com desafios operacionais de grande complexidade, de possível escassez de fontes de fornecimento e alta de preços a prazos de entregas mais longos. Sem falar que, em momentos de mercado aquecido, outro problema a ser gerenciado é a retenção de talentos nas áreas de suprimentos.
COSTDRIVERS – O que muda em compras/suprimentos com a nova agenda?
Douglas Marques Ferreira – O mercado fornecedor é cíclico. Hoje estamos no meio de uma crise política e econômica que afeta fortemente o nível de oferta e demanda, porém daqui a dois ou três anos esse cenário será o contrário, estaremos em crescimento novamente. Um ponto importante que destaco neste momento de crise é a necessidade de organizar e estruturar a área de compras para que esteja preparada no momento de estresse operacional.
COSTDRIVERS – Nesse cenário, como evitar escassez de fontes de fornecimento e lidar com prazos de entregas longos sem grandes impactos?
Douglas Marques Ferreira – A resposta é: transformar suprimentos. Um projeto de Transformação de Suprimentos é muito mais do que ajustar a equipe e formatar novos papéis e responsabilidades. É necessário analisar a estrutura organizacional de variadas formas, do ponto de vista do fornecedor, cliente interno, acionistas e diretoria. Também precisa olhar algumas dimensões da área e da empresa, como os processos, a tecnologia, o capital humano, a governança, a ética e os aspectos financeiros. Um processo de transformação dura em média dois anos porque vai além de criar novas políticas e procedimentos, mudando completamente como a área de suprimentos é vista pelos stakeholders. Impacta todas as áreas da companhia, portanto é muito importante ter envolvimento, colaboração e engajamento de todas as áreas e principalmente da direção da empresa. Um marco importante é a virada da proporção de atividades operacionais para atividades estratégicas.
COSTDRIVERS – Qual a estratégia para a implantação desse projeto?
Douglas Marques Ferreira – O objetivo final é mudar o foco da área de suprimentos, tornando uma área estratégica e que atua diretamente no bottom line da empresa. Especificamente dentro da área de suprimentos são abordados os seguintes pontos: criação e definição de estratégias para cada tipo de demanda (compras estratégicas, compras spot, contratos de longos prazos, tabelas de preços e delegações de compras para áreas requisitantes são as principais formas atualmente usadas). Capacitação e coaching são as ferramentas usadas para atrair e reter talentos. Plataformas eletrônicas vão garantir eficiência operacional. Políticas e processos revisados de acordo com o planejamento estratégico e governança da empresa.
COSTDRIVERS – Quais funções ainda precisam ser aprimoradas na área?
Douglas Marques Ferreira – Hoje em dia temos empresas com áreas de suprimentos maduras, outras nem tanto, vejo isso completamente normal, pois no Brasil esse movimento de profissionalização da área de suprimentos não tem mais do que dez anos. Até meados de 2000, o que se via nas áreas de suprimentos era a figura do comprador, auxiliar ou assistente e do gerente de suprimentos. Hoje já existem funções especialistas em gestão de fornecedores, gestão de contratos, gestores de categorias, profissionais de sourcing, gestores de indicadores e gestores de inteligência de mercado. Arrisco dizer que no futuro em médio prazo, existirá uma diminuição de funções, ou seja, um mesmo profissional será apto a realizar algumas tarefas.
Leia entrevista na íntegra em: http://blog.costdrivers.com/profissional-de-suprimentos-deve-se-preparar-para-acumular-funcoes/
Comments