Tecnologia não basta: o diferencial está na gestão de serviços
- ruysmagalhaes
- 10 de set.
- 5 min de leitura
Atualizado: 11 de set.

Você já viu uma empresa com um conjunto impressionante de ferramentas e, mesmo assim, convivendo com incidentes recorrentes como sistema fora do ar, lentidão generalizada em aplicativos críticos e equipes sobrecarregadas sem saber por onde começar?
Isso acontece porque tecnologia é meio, não fim.
Sem gestão de serviços, ou seja, sem processos consistentes, governança ativa, papéis e responsabilidades claros, métricas e cadência de melhoria contínua, conforme sempre citamos nos conteúdos do Café com Comprador, a melhor solução do mercado, como sistema ERP, e-Procurement, plataforma de automação de tarefas, viram apenas um conjunto de telas bonitas que não se traduz em desempenho sustentável.
Para os Profissionais de Compras, o valor real aparece no pós-compra, quando o contrato sai do papel e precisa funcionar no dia a dia. É nessa hora que os compromissos de SLA (Service Level Agreement) transformam em qualidade de experiência para os usuários, que o Backlog se torna produtividade ou frustração e que o custo de uma decisão se revela no TCO, (Total Cost of Ownership), Douglas e eu falamos muito sobre isso no episódio ao vivo do Café com Comprador, clique aqui para assistir o episódio.
Em outras palavras, muito mais que a plataforma adquirida, a gestão de serviços é o mecanismo que converte contrato em valor percebido, reduz risco operacional e sustenta a curva de adoção da tecnologia ao longo do tempo.
O que é gestão de serviços (e por que isso importa para Compras)
Gestão de serviços é a disciplina que conecta pessoas, processos e tecnologia para entregar serviços previsíveis, estáveis e em evolução contínua. Na prática, é o conjunto de rotinas e decisões que garante que uma mudança planejada não derrube um sistema crítico no meio do expediente, que um incidente seja diagnosticado na causa-raiz e não apenas contornado, que um catálogo de serviços descreva claramente o que é oferecido e em quais condições, e que as áreas envolvidas conversem entre si por meio de ritos de governança, indicadores e planos de melhoria. Essa engrenagem reduz atritos, diminui custos ocultos e cria transparência para decidir com maturidade.
Ou seja tecnologia não basta: o diferencial está na gestão de serviços por trás desta estrutura. Atualmente não se discute apenas a melhor tecnologia; define-se também o nível de suporte desejado (totalmente gerenciado ou co-gerenciado), o grau de volatilidade do negócio e as demandas de apoio, conforme citado no blog da nova parceira do Café Deutsche Telekom, clique aqui para conferir o artigo na íntegra.
Vamos a um exemplo prático, considere um e-commerce em data de pico (horário mais movimentado). Sem gestão de capacidade e de mudanças, uma simples atualização de aplicação pode resultar em filas não processadas, carrinhos abandonados e perdas de receita. Com gestão de serviços, a janela é planejada, a mudança é testada em ambiente representativo, as métricas são devidamente gerenciadas como taxa de conversão e tempo médio de checkout. O resultado é uma operação que absorve o pico sem surpresa.
Para Compras, tudo isso importa porque muda o que entra no contrato e como o contrato é operado. Em vez de adquirir apenas licenças, horas ou pacotes de acesso, a organização passa a contratar resultados, com SLAs que refletem jornadas reais.
O plano de transição, os critérios de auditoria, e a integração com as ferramentas existentes deixam de ser anexos esquecidos e viram cláusulas de contrato que definem o sucesso. O Profissional de Compras deixa de discutir apenas preço e coloca na mesa a qualidade da operação, a velocidade de restauração, a capacidade de crescer sem travas e a previsibilidade do custo ao longo do ciclo de vida.
O papel do Profissional de Compras na gestão de serviços
O Profissional de Compras é o maestro que transforma ambição estratégica em contrato vivo que entrega resultado no dia a dia.
Não basta comparar propostas e escolher quem oferece mais funcionalidades por menos dinheiro. O diferencial aparece quando a área de Compras traduz objetivos de negócio em requisitos de serviço verificáveis, define como esses requisitos serão medidos, estabelece a cadência de governança e garante que a transição para a operação aconteça sem atritos.
Na prática, isso começa ainda na preparação da concorrência, quando Compras descreve jornadas reais de uso e pede que os proponentes demonstrem, em ambiente controlado, como o serviço se comporta em cenários de carga, picos sazonais e incidentes. Em vez de promessas genéricas, entram em cena evidências, teste práticos, integrações com a ferramenta de gestão de serviços da empresa, critérios de segurança desde o desenho e um plano de continuidade que mostre com clareza o que acontece quando algo falha. Essa postura muda a negociação, porque desloca a conversa do discurso de marketing ou comercial para o funcionamento concreto do serviço.
Ao olhar o contrato, o Profissional de Compras evita o erro clássico de tratar o serviço como um conjunto de horas e licenças e passa a contratar resultados que importam para o negócio. As métricas deixam de ser apenas técnicas e passam a capturar a experiência do usuário, o que muitas empresas chamam de acordo de nível de experiência.
Quando a jornada do colaborador para abrir um chamado é rápida, quando o tempo de restauração após um incidente cai, quando a criação de uma nova filial acontece em poucos dias com desempenho consistente, o contrato está fazendo o que prometeu, ou seja, gerando resultados.
Para sustentar essa entrega, o Profissional de Compras combina indicadores duros, como disponibilidade e tempo de resposta, com indicadores de percepção, como satisfação do usuário. Em vez de multas que apenas punem, surgem mecanismos que financiam melhorias estruturais e viram um ciclo virtuoso, pois cada desvio gera combustível para corrigir a raiz do problema, entende a importância de tudo isso?
A governança é o coração desse modelo, e o Profissional de Compras é quem garante que ela não vire um ritual vazio. As reuniões periódicas de desempenho precisam trazer dados comparáveis, análises de tendência e um backlog priorizado de evolução. O fornecedor deixa de ser alguém que atende chamado para se tornar um real parceiro que auxilia e gerencia o serviço com metas de maturidade e com transparência sobre limitações, riscos e próximos passos. Essa relação madura exige papéis claros, escalonamento definido e um desenho de responsabilidades que evite zonas cinzentas entre áreas internas e terceiros. Quando todos sabem quem decide, quem executa e quem valida, a operação flui e a discussão passa a ser sobre como evoluir, não sobre quem falhou.
E o profissional que protagoniza todo esse projeto, é você quem está lendo este artigo, você profissional de Compras que conecta o serviço do fornecedor junto as demandas das áreas da empresa.
Percebe como a tecnologia é apenas um ponto que esta por traz de tudo isso?
Não é a tecnologia da NASA que irá gerar o resultado esperado pela empresa, é todo o suporte e serviço por trás que você profissional de Compras PROTAGONIZA.

Texto escrito por Ruy Magalhães
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