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A relação de Comex entre Brasil e China... como fica em tempos do Covid-19?



É importante previamente saber que...


A relação entre China e Brasil tem abordagens muito estratégicas na economia global, pois ao longo do tempo a China tem aumentado seus investimentos no Brasil, ampliando a zona de influência de empresas chinesas no Brasil e a interdependência entre ambas. E como isso fica em tempos de Covid-19?


As relações entre Brasil e China começaram no início do século XIX e continuaram até 1949, quando foram interrompidas pela criação da República Popular da China. Em 1974 com o acordo sobre a criação e funcionamento da Embaixada do Brasil em Pequim e a Embaixada da China em Brasília, as relações entre os países foram normalizadas. Desde então, o comércio bilateral tem gerado desenvolvimento mútuo.


China e Brasil trabalham juntos em vários projetos, que reforçam a relação entre os países, como: geração e transmissão de energia, satélites, os quais nos fornecem muitas informações importantes sobre os recursos naturais. Outro projeto muito debatido, comentado e conhecido por todos do segmento de comércio exterior, é a construção do Porto de Açu no município de São João da Barra, atendendo o mercado de “oil & gas”, minério de ferro, bauxita, cobre e cargas “heavy lift” diversas. Com uma profundidade de cerca de 15 metros, o porto pode receber navios de até cerca de 13,5 metros de calado, o que viabiliza a atracação dos grandes navios Panamax e Chinamax utilizados pelos Chineses principalmente e permitindo aumento da escala de exportação e importação entre os países. Hoje a China é a maior economia do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e possui um PIB de cerca de Usd 15 trilhôes. A China só é superada pelos Estados Unidos. Ocupa o primeiro lugar como importador de produtos brasileiros, assim como também é o primeiro entre os países que mais vendem para o mercado brasileiro. Em 2019 nossas exportações alcançaram aprox. Usd 65 bilhões. Em contra partida, as importações atingiram cerca de Usd 36 bilhões. O que significa um saldo comercial de cerca de Usd 30 bilhões. Dentre os nossos principais produtos exportados para a China, estão: Soja, óleos brutos de petróleo, minério de ferro, celulose, carnes bovina, frango e suína. E os principais produtos importados do mercado chinês para o Brasil, são: Produtos manufaturados diversos, plataformas de perfuração e exploração usadas na produção de petróleo e gás natural, partes e peças para o mercado de aparelhos para telefonia, aparelhos transmissores e receptores, motores, transformadores, compostos químicos para a produção de medicamentos, circuitos eletrônicos, tecidos e fibra têxtil, sintética e artificiais, partes e peças para a indústria automotiva e tratores, compostos orgânicos, produtos laminados de ferro e aço, aparelhos elétricos para uso doméstico e vários outros mais.


É evidente que a relação comercial entre os países se torne cada vez mais fortalecida, de modo a permitir um crescimento vertical na balança comercial das operações de importação e exportação de ambos, mas infelizmente, essa relação se vê abalada.


Sabemos que a proliferação do vírus teve início na China, provavelmente em Wuhan, capital e maior cidade da província de Hubei, sendo a cidade mais populosa da China central, no final de 2019. Com a demora em divulgar o perigo e consequências que este vírus poderia nos causar, e principalmente tomar medidas drásticas internas para evitar a proliferação do mesmo, a situação fugiu de controle e se alastrou mundo afora, causando estragos por onde passa ou por onde ainda irá passar e temos nós do mundo, saber que lidar da melhor maneira com a situação. Mas infelizmente, temos visto em alguns países e também no Brasil, comentários relacionados “a culpa da disseminação do covid-19” desagradáveis e inoportunos, não somente considerando o ponto de vista das relações comerciais entre ambos, mas também a fragilidade emocional em que nos encontramos nestes árduos dias de isolamento horizontal, face a pandemia do Covid-19. É importante que neste momento, tanto o governo federal como principalmente cada um de nós, atuemos de forma a evitar tais comentários e focando nas melhores alternativas para a enfrentarmos juntos a crise que nos assola.


Quando falamos de Covid-19, a questão não é somente no âmbito da saúde. Claro que é extremamente importante, uma vez que estamos falando de vidas, pessoas assustadas, isoladas uma das outras, causando certamente um grande abalo psicológico a todos, gerados pelo confinamento e o medo do amanhã.


Em 01 de abril de 2020, tivemos um “scout” de cerca de 922.000 infectados pelo Covid-19 e cerca de 43.000 óbitos.


A situação nos Estados Unidos e em alguns países europeus, principalmente Itália e Espanha, é muito grave.


Estados Unidos: 207.000 infectados

Itália: 111.000 infectados

Espanha: 103.000 infectados

Alemanha: 78.000 infectados

China: 82.000 infectados

Brasil: 7.000 infectados


Todos nós precisamos fazer a nossa parte para tentarmos controlar e administrar esta pandemia. Na China, em fevereiro, as ruas estavam tão desertas que era possível escutar o som de uma moeda caindo ao chão. E todo esse silêncio custa uma fortuna. A China dá sinais de começar a recuperar a vitalidade depois que a luta contra o vírus provocou um fechamento absoluto no país, além de causar 3.200 mortes. Com a infecção finalmente controlada, o país se prepara para receber um segundo impacto: A conta vai chegar a qualquer momento.


As previsões para o crescimento do PIB no primeiro trimestre do ano indicam que a economia chinesa sofrerá um retrocesso histórico. Se as previsões estiverem corretas, o resultado será negativo pela primeira vez em quase meio século. Entretanto, a China está trabalhando neste momento para tentar evitar a reincidência da pandemia no país. A ONU alerta para a maior crise desde a segunda guerra mundial. No Brasil, as ruas também estão praticamente vazias. A bolsa de valores, acompanhando a tendência dos mercados mundiais, tem apresentado queda brusca, tendo fechado recentemente na faixa de 71.000 pontos contra 110.000 a um mês atrás.


A economia mundial foi severamente atingida com a obrigatoriedade da adoção do sistema de isolamento horizontal e o mundo quase parou. O vírus devastou vidas e a economia global. Inúmeras empresas, principalmente as pequenas e médias, estão muito comprometidas, então é muito importante que os governantes intercedam com um aporte significativo, se não gratuito, ou com prazos para pagamento elásticos de dívidas e contribuições, até que as empresas possam “andar com as próprias pernas”. O PIB caiu de 1,99% para 1,68%. Porém, as previsões para 2021, 2022 e 2023 permanecem em torno de 2,50%. Hoje temos cerca de 12 milhões de desempregados, e as áreas governamentais estão publicando medidas e flexibilizações trabalhistas e previdenciárias, porém é preciso que a reforma tributária seja finalmente iniciada, votada e praticada. Inúmeras empresas estão adotando o sistema de férias coletivas, e/ou propondo redução dos salários, banco de horas, e outros medidas mais, para evitar demissões em massa. O mercado também descobriu, embora em muitos casos forçado, inapelavelmente, que a transformação digital ao melhor perfil 4.0 já deveria ter feito parte de seus planos e que “home office” em muitos casos não diminui, e sim incrementa a produtividade, com redução de custos para os empregadores e empregados inclusive. Certamente a relação entre empregador x empregado sofrerá alterações pós Covid-19.


Alguns dos setores mais impactados pelo Covid-19 no Brasil foram: Restaurantes, moda, turismo, empresas aéreas, varejo tradicional, construção civil, segundo o Sebrae. O total de pessoas empregadas nas pequenas empresas é de cerca de 47 milhões, segundo dados de 2018. A camada de menor renda deve ser a mais afetada.


Mas como a importação e exportação entre China e Brasil foram afetados, e o que está sendo feito neste momento?


Os problemas causados pela pandemia do Covid-19 no comércio exterior são facilmente sentidos por todas as empresas e são diversas. Em vários portos mundiais já se pode sentir que o número de containers vazios diminuiu bastante, o que acaba por impactar as exportações. Como estão zarpando menos navios da China neste momento em que atravessamos, a quantidade de containers tende a aumentar sensivelmente, e com isto uma das consequências direta é a falta de equipamentos vazios em outros portos. Obviamente, no Brasil, já estamos enfrentando o mesmo problema.


Quanto as importações da China, temos inúmeros embarques atrasados, documentos emitidos errados, o que acabam por gerar multas de importação e outros custos extras, como: armazenagem em zona primária, demurrage, atraso na produção, confiabilidade para com os clientes finais, cancelamentos de embarques ou cancelamento de escalas em determinados “port of calls”. Segundo fontes da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, 70/80% das empresas deste segmento já estão vivenciando muitos problemas com a falta de abastecimento de componentes e insumos chineses.


De modo a contribuir no combate ao Covid-19, o governo brasileiro está deferindo redução tributária na alíquota do imposto de importação, I.I., para 0%, para diversos produtos importador para combate ao vírus. Além desta medida, tanto o Ministério da Saúde, Anvisa, como o Ministério da Agricultura, Mapa, vem flexibilizando a emissão de licenças de importação de modo a agilizar o processo de desembaraço aduaneiro como um todo. Fiquem atentos!


E como estará a relação comercial entre os dois países até o fim do ano?


O Brasil vem tentando tomar proveito, no bom sentido, pelo “gap” que surgiu devido a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, tentando aumentar ao máximo as relações comerciais junto a China, buscando aumentar o nosso volume de exportação para com os chineses.


Dentre os principais projetos oferecidos pelo Brasil aos chineses, estão a construção de aeroportos, ferrovias e portos, cujas concessões serão oferecidas através de concorrências. A continuação das obras do Complexo do Comperj em Itaboraí no Rio de Janeiro, também foi negociado com a empresa chinesa CNPC. Porém, após um estudo de viabilidade econômica, concluiu-se que o investimento não era atrativo economicamente. Outros projetos em conjunto, como a participação de empresas chinesas nos campos de Marlim, também não foram adiante.


Para que os negócios internacionais entre Brasil e China avancem até o final de 2020, primeiramente é preciso que o mundo encontre uma solução para sanarmos não somente esta pandemia que vem assolando o mundo inteiro, bem como as consequências desastrosas que certamente estão por vir, como o fechamento de diversas empresas, diversos postos de trabalho, desemprego em massa, colapso no sistema de saúde mundial, queda nas bolsas de valores mundiais, e identificando novas oportunidades, as quais possam vir a gerar negócios economicamente atrativos para ambos.


E nós, o que devemos fazer?


Seja na relação de importação e exportação, seja na atividade executada nas ruas, nos escritórios, nos hospitais ou em home office, temos que vestir a camisa, especialistas dando o seu melhor e líderes, agora mais do que nunca, precisam mostrar a sua capacidade inspirar e de liderar bem o “navio” para manter a balança comercial entre negócios e pessoas equilibrada... todos juntos, remando na mesma direção, trabalhando pelos números, mas sempre através do engajamento, reconhecimento e bem comum das pessoas.


Hoje estamos aqui para enfrentarmos o Covid-19 de frente, tomando obviamente os cuidados necessários e seguindo as recomendações, para nos salvaguardarmos e resguardamos nossos amigos e entes queridos. Iremos vencer mais esta batalha!!!Tenham plena certeza!


Texto gentilmente escrito por:



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