O mercado vem se movimentando e neste artigo traremos os principais destaques que precisam estar no radar do comprador(a) estratégico. Mesmo com certa estabilidade na cotação do petróleo, o mercado interno foi impactado com o retorno integral dos impostos federais no etanol e na gasolina.
Cenário Nacional
A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) demonstrou preocupação com o retorno da cobrança integral dos impostos federais (PIS/COFINS e CIDE) sobre gasolina, etanóis anidro e hidratado e GNV, a partir de 29 de junho, e não em 1º de julho, como vinha sendo noticiado na imprensa.
Com o repasse de 100% do custo fiscal das distribuidoras para a revenda, a Fecombustíveis informou que o custo de aquisição para os postos de combustíveis chegou a aumentar R$ 0,33 por litro para a gasolina e R$ 0,22 por litro para o etanol hidratado!
De acordo com a Fecombustíveis, a Medida Provisória 1.163, de 27 de abril deste ano, que determinou a desoneração dos impostos federais dos combustíveis citados, expirou em 28 de junho. Como não houve nenhuma iniciativa do governo em sentido contrário, os impostos federais integrais foram somados à composição de preços, cuja cobrança terá reflexo para distribuição e revenda e, consequentemente, irá impactar o consumidor final.
Cenário Internacional
O mercado internacional de commodities está passando por uma grande transformação e, o Petrodólar e o caminho reverso à globalização se destacam nesta enorme ressignificação do comércio mundial.
Após a pandemia, presenciamos um forte choque provocado nas cadeias de abastecimentos, com isso, as empresas e os governos estão focando em garantir uma maior proximidade e acesso aos produtos e matérias-primas, a fim de evitar novos casos de grandes paradas no fluxo de suas operações. Ou seja, é melhor ter perto e mais caro do que longe barato e não ter certeza se irá chegar a tempo.
Mas o risco do arrefecimento da globalização, não se compara aos desafios que o Petrodólar irá passar nos próximos anos.
Os Brics serão os maiores responsáveis pelas inúmeras quebras de paradigmas que o mundo irá testemunhar. Isso porque, além dos players atuais, países membros, não estarem satisfeitos com o reinado da moeda americana, eles representam uma grande fatia do comércio internacional e já começaram a se organizar para o confronto de vez com o reinado do dólar.
Conforme publicado por Charles Kennedy no último dia 03/07/2023 à Oil Price, a Índia está usando a moeda chinesa para compras diretas com a Rússia. Ou seja, temos aqui, uma demonstração bem clara de afronta ao modelo econômico atual, conhecido como o petrodólar.
“Índia começou a pagar em yuan por algumas importações de petróleo russo” diz o título da matéria. E ela se espalhou mundo a fora.
Charles relata que algumas refinarias indianas pagaram em yuan chinês por parte das cargas de petróleo bruto que compraram da Rússia, enquanto Moscou busca alternativas ao dólar americano em meio às sanções, enquanto a Índia busca comprar petróleo com descontos. A Índia se tornou um dos principais clientes do petróleo russo, ao lado da China, após as sanções ocidentais e o teto de preços do petróleo russo. Estima-se que as importações de petróleo bruto da Rússia da Índia tenham atingido um novo recorde de 2,2 milhões de barris por dia em junho, tendo aumentado em 10 meses consecutivos.
Então comprador e compradora, fique ligado neste tema, pois o Brasil é membro fundador dos Brics e logo teremos interações com o mercado internacional com outras moedas como base, não mais somente via petrodólar. Ficar ligado será importante para aproveitarmos as oportunidades e fechar os melhores contratos à empresa em que atuamos. Como funcionará esse novo fluxo cambial e comercial, por exemplo “real x yuan” ou “real x rublos”?
Tudo isso deve estar no seu radar, pense nisso!!
Texto escrito por Alex Ponce | 05/07/2023, fundador da APX Energy , com página no Instagram @apx_energy_brazil e é colunista do Café com Comprador.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião do Café com Comprador e de seus editores.
Comments